Documentos são registros que contam a trajetória de pessoas, famílias, sociedades e instituições. Guardam histórias que podem ultrapassar séculos e ficar para a eternidade. Fontes de pesquisas pessoais e acadêmicas, acervos documentais históricos revelam o passado ao presente, preservando memórias.
No Centro de Memória Jorge Calmon, localizado no prédio principal do complexo Pupileira, no bairro de Nazaré, a Santa Casa da Bahia tem à disposição de visitantes documentos que datam do século XVII até os dias de hoje. Tratam-se de dados que contam a história da própria Santa Casa, dos que se dedicaram à sua manutenção e dos que foram acolhidos e beneficiados por meio de suas atividades de assistência.
São mais de 1.800 livros e cerca de 1.000 caixas com documentos avulsos que revelam informações diversas, como compras de imóveis, crianças acolhidas pela Roda dos Expostos, registros clínicos de pacientes do Hospital da Caridade, primeira unidade de saúde da Bahia, sepultamentos e pagamentos de dotes. Destaque para a coleção de 11 livros de Banguê, que trazem dados dos enterros dos escravos nos séculos XVIII e XIX, classificada como um dos acervos documentais brasileiros que integram o Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Alguns assuntos estão na lista dos mais pesquisados pelos visitantes nacionais e estrangeiros do Centro de Memória Jorge Calmon: a origem da população afro-ocidental na Bahia do século XVIII, a trajetória de escravos, a roda dos expostos, o cotidiano, as práticas de cura e os hábitos culturais dos trabalhadores afrodescendentes, o recolhimento de mulheres, a evolução histórica das doenças bacterianas no século XIX e a história da Santa Casa da Bahia.
Para preservar documentação de tamanho valor histórico e humano, são precisos investimentos e dedicação constantes. Os documentos passam por processo de diagnóstico, triagem e higienização mecânica. Ficam acondicionados em papel sem acidez e conservados em arquivos contra-fogo e em modernas estantes deslizantes.
Desde 2015, o Centro de Memória conta com um laboratório de digitalização, conquistado por meio do Prêmio Memorial Digital, um edital de infraestrutura de laboratórios de reprodução de acervos memoriais de instituições comprometidas com políticas de digitalização, fruto da parceria entre o Ministério da Cultura e o Instituto Brasiliana, com patrocínio da Petrobrás.
O Centro de Memória funciona de segunda a sexta-feira e tem acesso gratuito. Mais informações: 2203-9810.