Documentos de inestimável valor compõem o acervo presente no Centro de Memória Jorge Calmon, em Salvador, arquivo histórico da Santa Casa da Bahia. Inaugurado em 2008, o espaço guarda arquivos que datam de 1629 até os dias atuais. O objetivo do Centro de Memória é preservar a memória da Santa Casa, cuja trajetória se confunde com a da cidade de Salvador. O local atende visitantes e pesquisadores brasileiros e estrangeiros.
Os temas mais pesquisados são sobre a história da medicina, da infância e do abandono infantil, aspectos sociais da escravidão, procissões e ritos religiosos, arte cemiterial, pintores e artistas baianos do período colonial, além da atuação assistencialista da Irmandade.
O Centro de Memória Jorge Calmon preserva todo o seu patrimônio documental em suporte papel, composto de documentos que foram produzidos e acumulados pela Santa Casa desde o século XVII, cujo conteúdo é fundamental para o resgate da história da instituição e da gênese da formação social da Bahia.
Fazem parte do acervo mais de 1850 livros e cerca de 1.000 caixas de documentos avulsos, entre os quais destacam-se: Livros do Tombo, que conta com quatro volumes e registram escrituras de imóveis e terrenos, inventários, aforamentos e testamentos de doadores, Roda dos Expostos, que dá detalhes sobre as circunstâncias e características de cada criança abandona no equipamento instalado pela Santa Casa da Bahia em 1726 e que funcionou por mais de dois séculos, e a coleção dos Livros do Banguê (1742-1853), que é composta por 11 livros que registram o serviço que era realizado exclusivamente pela Santa Casa, de condução do corpo e sepultamento de escravos mortos. A condição rara, relevante e singular dos Livros de Banguê fez com que os exemplares recebessem o título de Memória do Mundo, concedido pela Unesco.
O acervo do Centro de Memória ainda conta com outros livros e documentos que relatam a atuação filantrópica da Santa Casa desde o período colonial, quando foi criada a primeira unidade de saúde de Salvador, única por mais de 200 anos, o Hospital São Cristóvão, passando pela assistência jurídica e alimentação dos presos pobres da cidade (século XVII-XIX), até a compra e administração do Cemitério Campo Santo (século XIX até os dias atuais).
Atualmente, os documentos do Centro de Memória estão passando por um processo de digitalização como forma de facilitar o acesso às informações e também como estratégia de preservação, restringindo o manuseio dos originais. Os documentos mais frágeis passam por um processo de restauração com profissionais especializados. O laboratório de digitalização foi adquirido através da doação de equipamentos da Rede Memorial, com patrocínio da Petrobrás, por meio de participação de edital.
O Centro de Memória está aberto para visitação e atendimento de segunda a quinta-feira, das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h. Ás sextas, os visitantes encontram o espaço aberto até as 16h. Não é necessário agendamento prévio.